Durante muito tempo senti que se sou uma coisa, não posso ser outra. Se sou da Ciência não posso acreditar em Deus, se sou psicóloga, não posso falar de espiritualidade. Que se sou de clínica não posso tocar nas pessoas que acompanho. Senti durante muito tempo uma castração e uma divisão internas que me comprimiram e me impediram de expandir. Condicionaram muitas vezes o meu poder de decisão. Se faço isto, não posso fazer aquilo, se sigo este caminho, não posso escolher mais nenhum. Então não escolho nada. Ou escolho tudo e não faço nada…! E durante este percurso entre uma coisa ou outra, fui vivendo muitas vezes o tudo ou o nada. O isto ou aquilo.

Senti muitas vezes que não pertencia a lado nenhum, pois nunca me senti só de um sitio, só de uma coisa, só de uma cultura ou só de uma religião. A minha avó era testemunha de Jeová, o meu avô seguia o Budismo. O meu pai ateu. A minha mãe era médica, mas lançava I Ching. Às escondidas. Tenho cada um em mim e ao longo dos anos fui aprendendo a faze-los dançar juntos.

Joana-Nunes-Saúde-Mental-Integrativa-Psicóloga-Constelações-Familiares-Cascais-03

Este sentimento de não pertença e desencaixe social, por não me sentir parte de uma só coisa ou de nada em especial, fizeram-me sentir muitas vezes perdida e vazia. Desidentificada e desajustada. Incapaz de me aceitar com tudo o que sou e com tudo o que tenho. Com tudo o que trago. Tive muitas noites escuras da alma. Desde cedo, talvez cedo demais. Mas também cedo e talvez não cedo demais, procurei o sentido da vida e da minha existência. Não me contentava com o dia-a-dia, embora fizesse um esforço. Sentia uma enorme ausência de sentido na vida e sem esforço nenhum caía em depressões profundas. Também desde cedo demais.

Nesta procura incessante do sentido da vida e do prazer de viver, fiz muitas coisas. Li muito, interessei-me por muitos temas e por muitos modos de viver, por outras culturas, por outras religiões. Pelo mistério da vida. Pelas coisas que a ciência ainda não explica. Estudei psicologia. A sensibilidade ao sofrimento mental e emocional fez-me seguir Clínica e durante 9 anos trabalhei num gabinete de apoio à toxicodependência, presenciei e vivi de muito perto a degradação e auto-destruição humanas. Aprendi que todos os nossos instintos, mesmo os que moralmente consideramos errados, vêm de um lugar de sobrevivência. Pude acolher o bom e o mau no ser humano, acompanhei pessoas com quem tive a oportunidade de aprender a encontrar os lugares luminosos no meio de tanta escuridão. Mergulhei em lugares muito escuros com algumas dessas pessoas e aprendi a olhar o ser humano para lá do que se vê, para lá do bom e do mau. Foram 9 anos de profunda aprendizagem, profissional e pessoal. Ao longo deste caminho, fui fazendo várias formações, procurei várias experiências, até que decidi expandir e trabalhar com outras populações e outras problemáticas, saí da associação onde estava e passei a trabalhar apenas em clínica privada, onde agreguei a psicogenealogia e o trabalho corporal. Formei-me como consteladora familiar e psicoterapeuta somática. Aprofundei conhecimentos de tradições ancestrais, entendi que a sabedoria da vida vai muito para lá da mente lógica e racional. Entendi também que o nosso campo de percepção pode ser muito maior do que às vezes pensamos. Aprendi o que era a mediunidade e aprendi a reconhecer em mim essa ampla capacidade perceptiva. Pude entender coisas em mim que nunca havia entendido antes, no meu corpo, na minha mente, nos meus sonhos.

Hoje vivo e trabalho com tudo o que fui acolhendo ao longo do caminho, com tudo o que sou e que trago. A cada dia vou sendo mais tudo aquilo que sou e vou também encontrando mais partes de mim, umas que já conhecia, outras que ainda não. Umas que gosto mais e outras nem tanto. Um caminho que farei sempre, até morrer. É um caminho que testemunho e faço também com quem me procura, com as pessoas que acompanho. Com muita humildade, sempre. Nunca saberei mais sobre alguém do que essa pessoa sabe sobre si própria. Respeito muito a sabedoria de cada ser, de cada sistema. Faço com cada pessoa que acompanho, o caminho de descoberta da sua própria sabedoria, do funcionamento do seu próprio sistema, mas nunca vou a lugares onde também eu já não tenha ido, pois parafraseando alguém que admiro muito, “o terapeuta só consegue ir com o seu paciente a lugares onde também já tenha ido no seu próprio processo”, mesmo que de outras formas.

Joana-Nunes-Saúde-Mental-Integrativa-Psicóloga-Constelações-Familiares-Cascais-08
Joana-Nunes-Saúde-Mental-Integrativa-Psicóloga-Constelações-Familiares-Cascais-03

Durante muito tempo senti que se sou uma coisa, não posso ser outra. Se sou da Ciência não posso acreditar em Deus, se sou psicóloga, não posso falar de espiritualidade. Que se sou de clínica não posso tocar nas pessoas que acompanho. Senti durante muito tempo uma castração e uma divisão internas que me comprimiram e me impediram de expandir. Condicionaram muitas vezes o meu poder de decisão. Se faço isto, não posso fazer aquilo, se sigo este caminho, não posso escolher mais nenhum. Então não escolho nada. Ou escolho tudo e não faço nada…! E durante este percurso entre uma coisa ou outra, fui vivendo muitas vezes o tudo ou o nada. O isto ou aquilo.

Senti muitas vezes que não pertencia a lado nenhum, pois nunca me senti só de um sitio, só de uma coisa, só de uma cultura ou só de uma religião. A minha avó era testemunha de Jeová, o meu avô seguia o Budismo. O meu pai ateu. A minha mãe era médica, mas lançava I Ching. Às escondidas. Tenho cada um em mim e ao longo dos anos fui aprendendo a faze-los dançar juntos. 

Este sentimento de não pertença e desencaixe social, por não me sentir parte de uma só coisa ou de nada em especial, fizeram-me sentir muitas vezes perdida e vazia. Desidentificada e desajustada. Incapaz de me aceitar com tudo o que sou e com tudo o que tenho. Com tudo o que trago. Tive muitas noites escuras da alma. Desde cedo, talvez cedo demais. Mas também cedo e talvez não cedo demais, procurei o sentido da vida e da minha existência. Não me contentava com o dia-a-dia, embora fizesse um esforço. Sentia uma enorme ausência de sentido na vida e sem esforço nenhum caía em depressões profundas. Também desde cedo demais. 

Nesta procura incessante do sentido da vida e do prazer de viver, fiz muitas coisas. Li muito, interessei-me por muitos temas e por muitos modos de viver, por outras culturas, por outras religiões. Pelo mistério da vida. Pelas coisas que a ciência ainda não explica. Estudei psicologia. A sensibilidade ao sofrimento mental e emocional fez-me seguir Clínica e durante 9 anos trabalhei num gabinete de apoio à toxicodependência, presenciei e vivi de muito perto a degradação e auto-destruição humanas. Aprendi que todos os nossos instintos, mesmo os que moralmente consideramos errados, vêm de um lugar de sobrevivência. Pude acolher o bom e o mau no ser humano, acompanhei pessoas com quem tive a oportunidade de aprender a encontrar os lugares luminosos no meio de tanta escuridão. Mergulhei em lugares muito escuros com algumas dessas pessoas e aprendi a olhar o ser humano para lá do que se vê, para lá do bom e do mau. Foram 9 anos de profunda aprendizagem, profissional e pessoal. Ao longo deste caminho, fui fazendo várias formações, procurei várias experiências, até que decidi expandir e trabalhar com outras populações e outras problemáticas, saí da associação onde estava e passei a trabalhar apenas em clínica privada, onde agreguei a psicogenealogia e o trabalho corporal. Formei-me como consteladora familiar e psicoterapeuta somática. Aprofundei conhecimentos de tradições ancestrais, entendi que a sabedoria da vida vai muito para lá da mente lógica e racional. Entendi também que o nosso campo de percepção pode ser muito maior do que às vezes pensamos. Aprendi o que era a mediunidade e aprendi a reconhecer em mim essa ampla capacidade perceptiva. Pude entender coisas em mim que nunca havia entendido antes, no meu corpo, na minha mente, nos meus sonhos. 

Hoje vivo e trabalho com tudo o que fui acolhendo ao longo do caminho, com tudo o que sou e que trago. A cada dia vou sendo mais tudo aquilo que sou e vou também encontrando mais partes de mim, umas que já conhecia, outras que ainda não. Umas que gosto mais e outras nem tanto. Um caminho que farei sempre, até morrer. É um caminho que testemunho e faço também com quem me procura, com as pessoas que acompanho. Com muita humildade, sempre. Nunca saberei mais sobre alguém do que essa pessoa sabe sobre si própria. Respeito muito a sabedoria de cada ser, de cada sistema. Faço com cada pessoa que acompanho, o caminho de descoberta da sua própria sabedoria, do funcionamento do seu próprio sistema, mas nunca vou a lugares onde também eu já não tenha ido, pois parafraseando alguém que admiro muito, “o terapeuta só consegue ir com o seu paciente a lugares onde também já tenha ido no seu próprio processo”, mesmo que de outras formas.