Paciente ou cliente?

Até há relativamente pouco tempo, tinha muitas dúvidas sobre a forma como me referia às pessoas que acompanho. Nenhuma das designações correntemente utilizadas pela comunidade “psi” – paciente ou cliente- me soava bem. Referia-me a estas pessoas, assim mesmo – “pessoa que acompanho”. Em supervisão, era-me difícil dizer cliente, embora muitos dos meus colegas, o fizessem.
Há várias teorias em diferentes escolas de psicoterapia e correntes da clinica, mas não dissertarei sobre elas, até porque não tenho conhecimento suficiente. Também não posso opinar sobre o que é ou não mais indicado, mas sei o que fez sentido para mim, enquanto pessoa, paciente e psicoterapeuta. Paciente é aquele que tem paciência, que resilientemente vai fazendo o seu processo, com todas as quedas e retrocessos inerentes.
Faço terapia ha 22 anos e considero-me uma paciente. Sou paciente comigo, com as minhas sombras, com tudo o que não gosto em mim. Procuro ser paciente com a minha conflituosidade, com as minhas guerras, com a minha insegurança e com o meu medo. Ser paciente é ter a esperança de que novas possibilidades e formas de estar na vida possam surgir no caminhar do nosso processo.
Paciente ou cliente? Para mim, paciente. Muito paciente.